Enquanto o Verbeat experimenta uns probleminhas, os seguidores do Sítio do Sergio Leo podem acompanhar aqui as postagens que iriam para lá

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Enquanto isso, em algum lugar do Afeganistão...

"Sarah! vem comigo se quiser viver! mandaram um robô assassino para te pegar!"
"Vim salvá-la!Posso não ser tão forte e ágil quanto uma máquina, mas lutarei para te proteger!"
BOOOM!


Toda vez em que via essas distopias cinematográficas com batalhas entre o homem e a máquina, tinha ideias como as que inspiraram essa tirinha aí em cima. Pensava com meus pen-drives: como podem as máquinas do futuro ser menos eficientes que as de hoje em dia? Para os cérebros eletrônicos do século XXII, encarar Exterminador do Futuro, mesmo, só como filme de humor. Como aquelas fitas do Mélies inspiradas no Júlio Verne, sabe como é.

O Marcos, no comentário para a Sabados, lembra o sítio original da outra tirinha publicada aqui; o mesmo blogueiro dessa agora. Coisa de gente que gosta de matemática (como eu) e de humor (como eu). Eu só poderia gostar.

Já mencionei os caras no blogue antes, mas vale repetir o endereço: http://xkcd.com/ .

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Junkmail (ou "não, essa porcaria não é do Veríssimo nem do Jabor")

Naquele dia, acordou cedo, ligou o computador, conectou-se à Internet, consultou as trezentas mensagens que lotavam sua caixa postal e, inspirado nelas, decidiu mudar de vida. Para começar, aceitou a proposta do nigeriano que queria compartilhar com ele uma pequena fortuna ganha em negócios nebulosos.

Ainda que o novo sócio lhe garantisse um futuro sem preocupações, aceitou também as dicas de ações “quentes” na Bolsa de Nova York, que estavam ao alcance de um clique em quinze das mensagens que havia recebido. Guardou, para o futuro, os incontáveis currículos que lhe mandavam (vai que decide abrir uma empresa). E respondeu à oferta de manual para otimizar as vendas, ainda que não pretendesse comercializar coisa nenhuma.

Desprezou os cinco e-mails de remetentes que se diziam “amigos” e lhe ofereciam “fotos da traição” _ estava separado há algum tempo, o passado não lhe interessava mais. Mas, advertido por uma ex-namorada de que o tamanho importa, sim, porque pode dificultar pelo menos metade das posições do Kama Sutra que encomendara (e até algumas mais cotidianas), enviou os dados do CPF e do cartão de crédito para comprar o kit que lhe permitiria agregar uma nova dimensão à sua anatomia.

Excitado com as perspectivas, resolveu também corresponder às cantadas virtuais das vinte americanas que se diziam casadas mas calientes, e dispostas a propiciar-lhe momentos inesquecíveis de prazer.

Por via das dúvidas, aceitou comprar o Viagra propagandeado por duas das quarenta mensagens sobre o assunto, e topou testar os métodos infalíveis que lhe ofereciam para emgrecer dormindo, perder peso comendo e ganhar forma física sem fazer força (se não servissem para ele, alguma das americanas casadas decerto se interessaria).

Viu chegar e-mail urgente da secretária, com recado da administradora do cartão de crédito, falando em estranhos movimentos na sua conta. Clicou então nos três e-mails de bancos que anunciavam atualizações no pacote de segurança e forneceu os dados requeridos, inclusive sua senha do cartão e do internet banking, além de dados pessoais, como o nome da própria mãe (ainda que nem tivesse contas em um dos bancos, e que o destinatário de uma das mensagens fosse um nome diferente do seu; ah, essa impessoalidade dos gerentes bancários).

Mandou três e-mails aceitando a proposta imperdível para comprar relógios Rolex . Deixou para mais tarde os e-mails que lhe ofereciam vídeos da Pamela Anderson e da Paris Hilton, e, curioso, baixou as fotos das cinco moças de quem não se lembrava, mas que diziam ter estudado com ele no passado e estar morrendo de saudade.

Mais não fez, porque, inexplicavelmente, o computador travou.

(uma versão desse texto já compareceu no Sítio do Sergio Leo, em 2006. mas quem lembra?)

domingo, 17 de janeiro de 2010

SABADOS - 17 DE JANEIRO DE 2010

Quando 2010 acaba, hein? Aninho sem vergonha, esse.

Já houve crise política (que não sei para onde foi, animou os jornais e mandou-se, de férias), catástrofe, escândalos e até o fim do ponto G; que me perdoem lembrar disso numa hora dessas. A década se despede em apoteose e horror, e a campanha eleitoral mal começou. Esperem só quando tiverem de ver os rostos do Serra, da Dilma e do Ciro Gomes todos os dias.

Essa Sabados sai hoje por força do compromisso com os frequentadores deste Sítio. Os deprimentes acontecimentos da semana ameaçam azedar as já constrangedoras tentativas de humor ensaiadas por aqui. Se errarmos no tom, perdoem este rude escriba e lembrem que há coisa pior por aí; esta Sabados poderia estar sendo redigida por um cônsul haitiano no Brasil, ou algum apresentador de TV dos mais baixos níveis na escala das gafes televisivas. Vamos aos blogues.


Haiti

Felizmente, nem a oposição mais ruminante resolveu atacar a política externa pela presença brasileira no Haiti (ops, mas teve gente aproveitando para falar bobagem). Pelo contrário, uma onda de solidariedade aproximou do Brasil o azarado povo daquela ilha do Caribe e sacudiu a indiferença com que os haitianos vinham sendo tratados pela comunidade internacional. O terremoto acontece no momento em que começavam a surgir timidamente resultados das intervenções lá, a situação política começava a dar sinais de maturidade, mas a ajuda econômica ainda era só promessa.


O competente Argemiro Ferreira fala dos funcionários da ONU e brasileiros que perderam a vida batalhando no país, e de como, nessas horas, aparece gente contestando os esforços de ajuda ao país, AQUI, . Para registro, o blogue do pessoal da Unicamp, que levantou polêmica confundindo embaixatriz com cargo diplomático e acusa a mulher do embaixador de reagir sem diplomacia ao pedido de ajuda deles, AQUI. E quem conhece a embaixatriz desconfia dessa história, AQUI.

Dois jornalistas jovens de trabalho fenomenal, que respeito muito, acompanham de perto o horror, e um deles, o Gustavo Chacra, consegue manter um blogue, AQUI (o outro, Fabiano Maisonnave, pensei que estava com blogue também, mas me enganei). 2º Clichê: Vejo que o Diego Escosteguy também montou um blogue do Haiti, AQUI. E tuita de lá, ainda.

E, para quem, como eu, está de estômago virado por ver fotos da catástrofe, algumas quase obscenas pela maneira invasiva como mostram a tragédia pessoal de certos haitianos, uma discussão pertinente, por quem é do ramo: Haiti, ajudar ou fotografar? AQUI.

Política

"Quando vi quem berrava contra ele, fiquei irremediavelmente apaixonado".

Esse é o Milton Ribeiro, e "ele", no caso, é o Plano Nacional de Direitos Humanos, que o Milton defende, AQUI. O Luis Favre, que, pelo jeito, deixou de vir a este Sítio, também fala do plano, ou melhor, reproduz o que falaram, com grande priopredade, AQUI. Já o Alon Feurwerker, cujo sobrenome significa trabalhador do fogo, bota lenha na labareda, e defende que se retire, do Plano, a referência à legalização do aborto.

"não é razoável que alguém precise ficar a favor da descriminalização do aborto para entrar no clube dos defensores dos direitos humanos", argumenta ele, AQUI.

Economia

E a Venezuela desvalorizou seu "bolívar forte", quando ninguém esperava mais, já que os preços do petróleo se recuepraram e deveriam dar um fôlego ao país. O problema não é o estatismo (se o fosse, Índia e China estariam tão mal quanto, e esses países nem tem a riqueza de recursos naturais que temos pelo continente), mas o centralismo, a incompetência e o voluntrismo do governo por lá. Que, curiosamente, depois do que fez, leva chumbo até pela esquerda, AQUI.

Mas, eu sabia, quem dá uma explicação direta e inteligente do que está se passando lá sob Hugo Chávez é o irreprochável Maurício Santoro.

"A corrida dos venezuelanos às lojas, antes da vigência do novo câmbio, mostra a baixa confiança no governo e as dificuldades que as autoridades encontrarão para lidar com as expectativas da população. Chávez deu sua resposta tradicional de repressão, no espantoso uso do Exército para fechar 70 lojas que aumentaram preços.
Como nada está tão ruim que não possa piorar, a Venezuela enfrenta sua pior crise de energia em anos, com racionamentos nas principais cidades e apelos presidenciais para que as pessoas diminuam o tempo no banho."

O texto completo, AQUI.


Arte













(O vídeo foi capturado nesse blogue AQUI.)

O cara esteve em Londres, unanimemente elogiado, está no México, Barcelona, em Inhotim. Cildo Meireles curiosamente não tem seguidores (mas, peraí, quem tem, na arte contemporânea brasileira hoje em dia?), mas é uma referência incontornável do trabalhoa rtístico brasileiro. E com um trabalho tão sério, tão denso, que mesmo os conservadores auto-proclamados guardiões da verdade artística, inimigos da arte contemporânea, não tiveram coragem de atacá-lo _ ainda que se apliquem a algumas de suas obras os queixumes de praxe: não a mão do artista nessas obras, é hermético...

Bom, talvez o forte apelo sensorial de algumas das obras dele o livre desses ataques. Cildo Meireles é um exemplo da arte atual que pode até ser apreciada sem grande conhecimento do metier. Mas que eu sugiro como um ponto de partida, de estudo, para quem quer, de verdade, mergulhar e aproveitar o que há nesse universo.

Humor

Há algo mais risível que as medidas de segurança no aeroporto? Em que passageiros da classe econômica são obrigados a comer com talheres de plástico (quando há o que comer além de amendoins e barras de cereal, claro) e os da primeira classe e classe executiva podem portar perigosíssimos talheres de metal? Em que proibem que você carregue uma garrafa de água, mas um sujeito conseguiu entrar num avião com uma cueca carregada de explosivos? Em que te apreendem o cortador de unhas mas deixam que entre com um computador, feito de incontáveis partes de metal cortante e perfurante? É divertido saber que não sou o único a pensar assim:

"Se está preocupado com bombas, porque me libera a bateria do celular? Se forço uma sobrecarga rompem-se as células e posso provocar uma explosão considerável"

"Ai, Deus!"

"Calma, querida, ele vai sacar que tenho razão e me devolver a água".

fonte: AQUI.


(Dá um trabalhão fazer a SABADOS no Blogger. Tiagón!!!! Quero voltar ao Sítio! Quando o Verbeat conserta essa pitomba?????)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A farsa da polícia do Arruda - uma palhaçada

Antes de contar o que vou contar, quero deixar claro o seguinte: sou contra a descriminalização da droga, sou careta, não aceito que meus filhos usem drogas e considero necessário um combate eficiente ao tráfico em Brasília, antes que as ilhs de miséria em torno da cidade, uma das mais altas rendas per capita do país, se tornem exército de mão de obra de reserva para o crime organizdo, como no Rio. Mas me duisponho a discutir isso em outra oportunidade. O assunto aqui é outro: a preocupante fascistização da polícia no Distrito Federal.

Agora, a história:

Sempre ouvi, em jornais, histórias de como certas polícias fazem operações de efeito, como propaganda, para encobrir a própria ineficiência. Li, no excelente Notícias do Mirandão, livro do jornalista Fernando Molica, cenas do gênero. Nunca pensei esbarrar com algo parecido. Mas fico pensando o que foi que aconteceu nessa madrugada, em Brasília, sob o nome marqueteiro de Operação Abstinência, quando guardas despreparados, com truculência parecida com a que reprimiu estudantes que se manifestavam contra o governo Arruda, intimidaram, agrediram e ameaçaram jovens moradores do Distrito Federal, com a arrogância que só os batalhões do tempo do general Newton Cruz costumavam fazer.

Resultado da operação, que intimidou centenas de pessoas, obrigou cidadãos a jogar-se no chão ou permanecer por duas horas de pernas abertas com as mãos na parede: seis prisões (vendidos à imprensa como traficantes, quem sabe são, quem sabe nem são). E a demonstração, para meus filhos, de que não podem sair de madrugada na cidade, mesmo que estejam de férias, porque na madrugada de Brasília não existem direitos, e os policiais são promotores, juízes e executivo, embora não haja nenhuma proibição legal ou implícita para que jovens aproveitem as férias jogando sinuca em um dos poucos pontos abertos na capital.

Diz o Correio, AQUI: A comercial da Asa Norte vinha sendo monitorada 24 horas por dia há duas semanas. A investigação, que envolveu mais de cem policiais infiltrados, surgiu das constantes reclamações de moradores assustados com a venda e uso de droga na região. Segundo a Direção Geral da Polícia Civil do Distrito Federal, apesar da certeza de que a maioria das inúmeras pessoas revistadas no local sejam usuários, não há nada a fazer caso não se encontre droga.

Monitoramento bacana esse, que, após semanas de investigação, com "agentes infiltrados", prendeu seis mequetrefes e aterrorizou quase 50 pessoas sem acusação formal, indício de culpa ou mesmo motivos de suspeita, além do fato de estarem se divertindo de madrugada.
Entre as pessoas ameaçadas pela polícia, abusadas e em seguida liberadas estavam meu filho (estudante de engenharia mecatrônica no terceiro ano, um dos alunos de maior nota da classe, ex-diretor da empresa júnior de mecatrônica da UnB, atualmente fazendo curso de férias de introdução à Economia na UnB), minha filha (estudante de psicologia no quinto ano, ex-estagiária da Rede Sarah, aluna exemplar, engajada em programas de atendimento a mulheres e adolescentes em situação de risco), o namorado dela, o irmão (vizinhos, ambos; o pai deles, por infeliz coincidência, amigo de um dos policiais que estiveram na "ação") e dois amigos estudantes de psicologia da UnB. Minha filha, obrigaram-na a encostar na parede com um rapaz encostado atrás dela; meu filho, um meganha agrediu entre as pernas. Cenas de horror e perplexidade para eles, a quem sempre ensinei a respeitar autoridades e condenar a relação de amigos ou conhecidos com traficantes de drogas.

O namorado, por estar com a camisa do Flamengo, recebeu a seguinte ameaça de um policial: "sai daqui, flamenguista, só pode ser traficante". Se todo flamenguista em Brasília for traficante em potencial, vaticino muitas prisões nessa Operação Abstinência. O irmão dele, de 18 anos, foi alegmado, e em seguida solto quando o irmão reclamou com os policiais. (correção: após humilhado, abusado e liberado, ele perguntou ao policial se podia sair por determinado caminho e recebeu como resposta: "vai para a PQP, seu flamenguista maconheiro").

Outra amiga chegou a ser algemada também, e apresentada à equipe de tv como membro da quadrilha de traficantes _ para, logo em seguida, ser solta, sem acusação nenhuma, sem suspeita nenhuma. Suspeita tenho eu: desconfio que havia poucos presos para mostrar às câmeras na palhaçada aparentemente montada para mostrar serviço, e o show tinha de continuar. "Foi filmada, foi filmada", disse um policial aos repórteres.

Não foi. Gostaria que o Correio requisitasse essa filmagem. E que pedisse explicações à polícia: se havia filmagens e suspeitas, porque a soltaram, sem regisrar nem o nome, sem nem sequer levar à delegacia?

Não vale argumentar que o filme a que se referiam os policiais era ds que mostram o governador do DF e deputados botando dinheiro em meia. Esses, a polícia saiu defendendo, espancando estudantes que reivindicavam justiça.

O local era uma sinuca, sítio habitual de encontro de jovens brasilienses (certamente haverá usuários de drogas entre eles; que sejam punidos os que transgredirem a lei, detidos, feito o que for legal _ e podemos discutir isso politicamente, me parece que nem a lei acolhe o que fizeram os policiais; atacar indiscriminadamente as pessoas pelo fato de estarem em determinado local, que é frequentado por brsilienses de tods as diades, até jornalistas que conheço, não usuários de droga; e não é apontado na cidade como valhacouto de criminosos ou traficantes, isso não está em lei, decreto ou código nenhum só o do fascismo policial).

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(P.S.: escrevo isso a pedido de meus filhos, que vieram me contar o episódio hoje, e me cobram o que lhes ensinei: que, se não transgedirem a lei, têm a polícia como aliada. A polícia. Não os burocratas truculentos que encobrem ineficiência com espetáculos para a midia).

Agora vai. Ou vem.



A New Yorker apresenta esse acessório aí como um pitaco na discussão sobre livros digitais (de que andei participando, AQUI) e o defende como invenção revolucionária que permite tomar banho usando uma só mão para segurar o livro. Vem em quatro tamanhos, para ajustar à envergadura do dedão, informa. Não sei se foi porque a imagem me lembrou outras parecidas, mas tive dificuldade em traduzir o texto da revista sem pensar besteira:

It allows you to read a paperback with just one hand, making it perfect for luxuriating in the bath with a book.

"Ele permite a você ler uma brochura (opa, português é meio capcioso) com apenas uma mão, o que o torna perfeito para luxuriating no banho com um livro".

OK, OK, sei que luxuriating não tem nada a ver, diretamente, com luxúria, como conhecemos em nossa língua. Estaria para algo como "se esbaldar" no banho.

Mas tente imaginar alguma situação em que pretenda tomar banho com um livro nas mãos e precise ter a outra livre (para ensaboar-se? só se for contorcionista).

Será que só eu fiquei com a impressão de que o pessoal da New Yorker recomenda o acessório para a leitura do Kama Sutra?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Mundo sustentável


Jóias feitas de restos de lápis (ainda que eu duvide da durabilidade dessas aí), papel com sementes embutidas que brotam após o desacarte, cartões de visita maneiros feitos com embalagens tetrapak. É o "Meu Mundo Sustentável", dica do Charles Nisz , blogue com uns excessos, mas tão bacana que não aguento esperar até o fim de semana para botar na Sabados. E boto AQUI.

E agora, Haiti?


Pouca gente por aqui nem sabe o quanto os EUA são um país fundamentalista religioso, em que os ateus sofrem, como em outros países, com sua condição de descrentes. Curiosamente, o Rubem Cesar Fernandes, do Viva Rio, envolvido diretamente na tragédia do Haiti, tem um texto magnífico sobre o tema. Há uma ideia de povo eleito que aproxima muito os EUA de Israel, para além da realpolitik. Não podemos estranhar muito: no Brasil, não há candidato que se confesse ateu, e a justa determinação para retirar símbolos religiosos de repartições públicas ainda encontra quem defenda os privilégios católicos como "tradição histórica" .

Como em todo país onde religião se confunde com o Estado, não podia ficar sem repercussão a declaração de um telepregador maluco de lá, que atribuiu o terremoto haitiano a um castigo pelo pacto com diabo que a população teria feito no século XVIII para expulsar os franceses da ilha. Foi o primeiro movimento independentista das Américas,e por um escravo. Imagine que os negros cultuavam ídolos pagãos! Só podiam se dar mal mesmo. Aí você entende como pais de família cristãos apoiaram barbaridades nesses países da América Central. PObre do Obama, que tem de tourear esse tipo de gente.
Imaginei que, com a catástrofe horrível e a tortura perene a que são submetidos os haitianos, um religiooso teria problemas tentando entender como um povo pode ser tão castigado, que pecado tão grande teriam cometido a ponto de serem escolhidos para punição daquele tamanho. Pensei até que haveria alguem lembrando que, assim como os portadores de mal de Parkinson, o Destino escreve o certo por linhas tortas, e esse desastre, afinal, quem sabe serve para alertar o mundo para as condições sub-humanas do Haiti. Como sempre, subestimei a estupidez de nossos contemporâneos. Tem maneiras piores de tentar justificar o drama haitiano, e lavar as mãos. Como tantos canalhas já fizeram, na história.